terça-feira, 19 de abril de 2011

O castor e o disco de hockey


Eu e o mascote empolgado. 

Em frente ao Save on Foods memorial center
Ir para o Canadá e não assistir a uma partida de Hockey é o mesmo que vir para o Brasil e não assistir a uma partida de futebol ou ir para a Argentina e não assistir o Tango. Você não precisa gostar do esporte. Não precisa nem ser o jogo de um time super famoso, como o Canucks (pelo menos em Victoria, eles são bem famosos, tipo um time da primeira divisão de futebol aqui). Pode ser algo como um jogo do Salmon Kings, o time local de Victoria, contra o Alaska. É simplesmente necessário para conhecer e receber a cultura do país que você está visitando. 

Como este blog é sobre intercâmbio cultural, o que significa troca de culturas, não podia faltar o Hockey aqui. Tem outros esportes, como o curling, ou o esqui, por exemplo, que fazem parte da cultura canadense. Mas os canadenses RESPIRAM Hockey. Assim como no português várias expressões têm a ver com futebol, no ingles Americano, eles fazem referências ao beisebol quando re referem a sexo, por exemplo (first base, second base, hit home) Até as gírias e expressões do inglês canadense têm a ver com Hockey.


Tudo bem, a Cindy detestava Hockey. Eu também sou uma brasileira que não liga pra futebol, mas somos amostras viciadas. Alem do mais, eu fiquei doente no dia em que a minha turma foi ao jogo de curling, então nem posso falar desse esporte.

De qualquer forma, quando cheguei em Victoria, já havia planejado ir a um jogo de Hockey.  Eu estava decidida, nem que fosse preciso cruzar o oceano e ir para Vancouver para isso. Felizmente não foi necessário, já que tive a oportunidade logo na primeira semana. E chamei a Bini e a Saori para irem comigo. Na verdade, tentei botar pilha para a turma toda ir, mas os outros coreanos quiseram ir no grupo deles, e sentamos separados.

No Wendy's, antes do jogo
O jogo aconteceria no Save on Foods Memorial Center, que é um estadio no centro da cidade. Bom, dizem que é no centro, mas dá uma boa caminhada. No caminho, disse pra Bini e pra Saori que as tirinhas de frango do Wendy’s eram muito mais gostosas do que a comida do Mc Donald’s. Claro que eu ainda não tinha provado as batatinhas fritas em Victoria.

Mas estou me desviando do assunto. Era semana dos estudantes. Isso significa que, apresentando a carteirinha da UVIC (ou da faculdade Camosun) que os alunos fazem no primeiro dia de aula, o ingresso custa apenas 10 dolares, e não 17, que é o preço costumeiro. E o refrigerante é gratis.

Eu com a camisa do Salmon Kings


Saori, Bini e eu na loja de presentes

Entramos com algum tempinho de folga e, como uma Becky Bloomista que se preza, fui direto para a loja de presentes. Eu pretendia comprar uma camisa de uniforme, e de repente conseguir um autógrafo de um dos jogadores, mas a camisa custava 90 dolares, e de jeito nenhum eu gastaria quase 200 reais por uma camisa que eu provavelmente só usaria por um mês, e ficaria como lembrancinha no Brasil. Camisas de esportes não fazem muito o meu estilo. Então, acabei comprando uma camiseta de 27 dolares (mais impostos) do Salmon Kings. Porque, afinal de contas, eu ainda tinha a fantasia de que conseguiria um autógrafo e tiraria uma foto com um dos jogadores. Assim como, quando eu tinha uns 4 anos e fui para o zoológico pela primeira vez, tinha a fantasia de que o zoológico era tipo um safari em que a gente interage com os bichos, e no final fiquei super frustrada quando vi que estavam em jaulas. Essa sou eu.

De qualquer forma, se alguém conseguiria um autógrafo com os jogadores, eu seria essa pessoa. Não me leve a mal, eu não estou sendo convencida. Mas era extrovertida o bastante para pedir para estranhos na rua tirarem fotos para nós na rua. E já conhecia o poder de uma estudante de intercâmbio com sotaque.  Além do mais, por mais que Victoria tivesse vários estudantes estrangeiros (é uma cidade universitária, afinal de contas), a maior parte deles era composta de asiáticos, tímidos por natureza) No intervalo, perguntei para a mulher que estava enfileirando as crianças para entrar na quadra, no gelo, sei lá, e falei: “Por favor, nós somos intercambistas, e gostaríamos muito de tirar uma foto com os jogadores”. Foi mais fácil do que eu pensava, porque a mulher me disse para ir esperar no local por onde os jogadores saem, logo antes do fim da partida.




Aliás, deixa eu falar do jogo. Achei muito divertido (nem tanto na TV) e emocionante. 






A cada cinco minutos, um jogador atirava o outro na barreira transparente, fazendo o maior barulho. Parecia um filme de terror, no bom sentido, porque do nada a gente dava uns pulos. Tem também um mascote, um castor (o castor é o animal nacional, por ser diligente e trabalhador, construir represas e tal) alucinado, que ficava dançando, na maior empolgação, as músicas animadas que tocavam, não só no intervalo, mas a cada ponto. Quando ele estava saindo do campo, deu um puck para a Bini. 

Bini mostrando o puck que ganhou do mascote
Para enxergar melhor os lances, eu usava o zoom da camera. Enfim, achei um jogo rápido, com três tempos de 20 minutos. E talvez uma prorrogação com 5 a 20 minutos adicionais.




Violência infantil
E o show do intervalo então? Além das crianças que fizeram uma demonstração da violência, teve uma corrida de bicicletas infantis, em que dois adultos tentavam passar por balizas sem cair.

Quando o jogo estava em três a zero a favour do Salmon Kings, a Saori pediu desculpas e disse que tinha que ir embora, porque de acordo com as regras da família em que ela estava, ela tinha que tomar banho até as dez da noite. Falei que tudo bem, que podíamos ir numa outra vez, mas por dentro estava decepcionada e um pouco irritada. Enfim, saimos do jogo e eu andei com elas até o ponto de onibus.

Acontece que o ponto de onibus delas era diferente do meu, conforme eu descobri tarde demais. E quando eu caminhava de volta para o meu ponto, na direção oposta, vi que o estádio ainda estava de portas abertas e aceso. Foi convite suficiente. “ Você não pode entrar, garota”, o funcionario falou. Ao que eu respondi “ mas eu tenho o ingresso. Eu estava assistindo, mas tive que acompanhar a minha amiga até o ponto de ônibus” . Ok, por mais que fosse verdade, isso nunca colaria no Brasil, e eu nunca conseguiria entrar, como consegui, na cara dura. Mas dessa vez não voltei para o meu lugar. Fui para o lugar por onde os jogadores sairiam no final do jogo. E assisti lá o resto da partida. Eu queria tirar uma foto com o goleiro, o David Shanz (sim, eu acabei de pesquisar o nome dele de novo na Wikipedia).  Mas na hora em que eles saíram, o jogador que me deu atenção foi o Milan Gajic, que é tipo, a estrela do time.
Eu e o Gajic
A propósito: O jogo se chama Hockey no gelo. Existem varios tipos de Hockey. Tem o hockey praticado na rua, sem patins nem nada, e uma bola no lugar do puck, o disco de borracha, que tive a oportunidade de ver uma vez no Inner Harbor. Tem até um time feminino. Tem ainda o Hockey em patins inline, e o Hockey em patins daquele modelo antigo, de duas rodas na frente, duas atrás, com algumas variações nas regras.  

Um comentário:

Raquel M. Linhares disse...

Aqui no Brasil tem Hockey na grama!

E, cara, eu não sei se conseguiria manter a seriedade assistindo um jogo de Curling. Eu acho aquilo tão ridículo! Sério, morro de rir!

Aliás, o fail mais fail de todos tem a ver com o curling:


http://www.youtube.com/watch?v=GNIqArJj8Eo